29 de janeiro de 2008

Dois anos


Este blog completa hoje 2 anos.

Primeiro dia

Nunca imaginei que percorreria tanto caminho.

Como diz o poeta:

«Caminhante não há caminho,
faz-se caminho ao andar.»

Obrigada a todos que por aqui foram passando e deixando um pouco de si.

26 de janeiro de 2008

«Vinde e segui-Me»

«Arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo».
Anunciar um reino novo, que está começando a acontecer na região da Galiléia, em Zabulon e Neftali, sem dúvida que era motivo de risos e troça por parte dos poderosos, mas não se trata de um simples anúncio, mas de um chamamento, proposta que exige uma resposta por parte do homem, um convite que atinge o homem no mais íntimo do seu coração, as primeiras pregações de Jesus atraiam muita gente, que aumentava na medida em que viam os sinais que Jesus realizava, mas comprometer-se com ele, ninguém queria, religião é Vida, atitude, comprometimento, assumir o risco de não ser aceite, de sofrer rejeições e perseguições, milhões de pessoas no mundo inteiro são adeptas do cristianismo, mas viver na fidelidade da fé, são poucos.
Ser discípulo requer opção radical, despojamento de si mesmo, abertura total aos princípios do evangelho, a transformação é lenta e requer maturidade, mas é preciso dar uma resposta imediata e pautar a vida a partir desta escolha.
Simão, Tiago, João e André estão na lida diária do seu trabalho de pescadores. Ao ouvirem o primeiro anúncio e o chamamento de Jesus, esses homens rudes, considerados impuros pelo sistema religioso, que nada conheciam das escrituras ou profecias, aceitaram e acolheram de imediato a proposta de uma vida nova, oferecida pelo Nazareno. A partir daí as suas vidas nunca mais foram as mesmas, e para manifestar essa radicalidade, o evangelista afirma que eles deixaram tudo, as redes, as barcas e até o pai Zebedeu.
Esse “deixar tudo” significa que Jesus torna-se naquele momento, o Senhor absoluto de suas vidas, suas palavras e atitudes, seu modo de viver, terá como fundamento a palavra, a pessoa e a vida de Jesus. E assim tornam-se discípulos, isso é, irão aprender com ele como construir este reino que em sua pessoa, já se faz presente.
A Galiléia paganizada, longe de Deus e descrente de tudo, está talvez do outro lado da rua, bem perto de cada um de nós. Galiléia é qualquer lugar onde o homem ainda não tomou conhecimento do projeto de Salvação que Jesus trouxe. A Igreja dos que crêem, e da qual Jesus é o Senhor da Vida e da história, é formada por discípulos que somos todos nós. A nossa opção por Jesus deve ser única e verdadeira, não temos o direito de voltar para trás, em nossa prainha particular, para pegar de volta todas aquelas coisas que um dia havíamos deixado, por causa do reino, Simão, Tiago, André e João, não voltaram...

(Adapt. José da Cruz é Diácono da Paróquia N. Senhora Consolata)

24 de janeiro de 2008

Dar testemunho de Jesus Cristo


Nota-se um grande movimento nestes versículos do Evangelho de João»(1,29-34), bem como naqueles que o precedem e naqueles que o seguem. Antes, o diálogo de João o Baptista com os fariseus, aos quais testemunha e confirma não ser o messias, mas só um humilde precursor. Depois, após o texto que lemos no passado domingo, assistiremos ao chamamento dos primeiros discípulos por parte de Jesus. Mas neste domingo, entre o prólogo e o início da acção dramática, apresenta-se o protagonista. João, magnífico mestre-sala, sublinha a importância com frases inesquecíveis. “Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo... Eu vi o Espírito descer como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele... este é o Filho de Deus!”.
Em primeiro lugar, importa termos consciência de que Deus tem um projecto de salvação para o mundo e para os homens. A história humana não é, portanto, uma história de fracasso, de caminhada sem sentido para um beco sem saída; mas é uma história onde é preciso ver Deus conduzindo o homem pela mão e apontando-lhe, em cada curva do caminho, a realidade feliz do novo céu e da nova terra. É verdade que, em certos momentos da história, parecem erguer muros intransponíveis que nos impedem de contemplar com esperança os horizontes finais da caminhada humana; mas a consciência da presença salvadora e amorosa de Deus na história deve animar-nos, dar-nos confiança e acender nos nossos olhos e no nosso coração a certeza da vida plena e da vitória final de Deus.
Jesus não foi mais um “homem bom”, que pintou a história com o sonho ingénuo de um mundo melhor e desapareceu do nosso horizonte , mas Jesus é o Deus que Se fez homem, que assumiu a nossa humanidade, que trouxe até nós uma proposta objectiva e válida de salvação e que hoje continua presente e activo na nossa caminhada, concretizando o plano libertador do Pai e oferecendo-nos a vida plena e definitiva. Ele é, agora e sempre, a verdadeira fonte da vida e da liberdade.
O Pai investiu Jesus de uma missão: eliminar o pecado do mundo. No entanto, o “pecado” continua a marcar o nosso horizonte diário, traduzido em guerras, vinganças, terrorismo, exploração, egoísmo, corrupção, injustiça…
Jesus falhou? É o nosso testemunho que está falhando? Deus propõe ao homem o seu projecto de salvação, mas não impõe nada e respeita absolutamente a liberdade das nossas opções. Ora, muitas vezes, os homens pretendem descobrir a felicidade em caminhos onde ela não está. De resto, é preciso termos consciência de que a nossa humanidade implica um quadro de fragilidade e de limitação e que, portanto, o pecado vai fazer sempre parte da nossa experiência histórica. A libertação plena e definitiva do “pecado” acontecerá só nesse novo céu e nova terra que nos espera para além da nossa caminhada terrena.
Isso não significa, no entanto, pactuar com o pecado, ou assumir uma atitude passiva diante do pecado. A nossa missão – seguindo a de Jesus – consiste em lutar objectivamente contra “o pecado” instalado no coração de cada um de nós e instalado em cada degrau da nossa vida colectiva. A missão dos seguidores de Jesus consiste em anunciar a vida plena e em lutar contra tudo aquilo que impede a sua concretização na história.


(Adapt. texto © SIR – Serviço de Notícias)

21 de janeiro de 2008

Tempo Comum



O tempo chamado “comum” (durante o ano ou “per annum”) não tem nome nem características próprias, não celebra um aspecto particular do mistério de Cristo, mas esse mesmo mistério de Jesus Cristo na sua globalidade, especialmente nos domingos.
Compreende as semanas entre o Baptismo de Jesus até à Quaresma, do Pentecostes até ao Advento: um total de 33 ou 34 semanas.
Um tempo, portanto, não feito precisamente de semanas, também se as semanas se repetem, mas muito mais assinalado por domingos que marcam as semanas.
Todo domingo é indicado com um número progressivo e possui formulários próprios, não transferíveis a outros domingos, quando for substituído por outra solenidade. “O domingo aparece, portanto”, como ensina a Constituição litúrgica SC 106, “festa primordial, fundamento e núcleo de todo a ano litúrgico”.
“A Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que bem se denomina dia do Senhor ou domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para participarem na Eucaristia e ouvirem a palavra de Deus, e assim recordarem a Paixão, Ressurreição e glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os regenerou para uma esperança viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos.” (SC106)
Reunir-se em assembleia para ouvir a palavra de Deus e participar da acção de graças, fazendo memória da morte e da ressurreição de Cristo e da nossa regeneração baptismal: eis o sentido do domingo que caracteriza o tempo comum. Um tempo nada pobre em relação aos outros que focalizam um aspecto particular, tempo rico do mistério pascal de Cristo, lembrado e vivido junto com a comunidade dos crentes nEle.
O tempo comum começa com a segunda-feira após a festa do Baptismo do Senhor (primeiro domingo após a Epifania) e vai prolongando-se até à Quarta-feira de Cinzas: interrompe-se com a Quaresma, para depois recomeçar após o Pentecostes.
Com o terceiro domingo inicia a leitura quase contínua dos Evangelhos (no ano A, o Evangelho de Mateus): esta leitura segue o desenrolar da vida e do ensino do Senhor Jesus. Assim consegue-se uma certa harmonia entre cada Evangelho e o desenvolvimento do ano litúrgico. As leituras do Antigo Testamento são escolhidas em relação aos textos evangélicos, também para demonstrar a unidade entre os dois Testamentos: a relação entre as duas leituras é indicada pelos títulos colocados antes de toda leitura.
Para a segunda-leitura é apresentada a leitura quase contínua da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, distribuída no ciclo trienal.

O início da leitura do Evangelho de Mateus é ocasião para conhecer não só este livro (o primeiro dos quatro que nos dá a conhecer a “boa nova” de Jesus), mas também a origem, a formação e a finalidade pelas quais foram escritos os “Evangelhos”, testemunhos privilegiados da fé da Igreja apostólica.

A mesma sugestão vale para a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, da qual são lidos nestes domingos os primeiros capítulos.

II Domingo do Tempo Comum
“EIS O CORDEIRO DE DEUS”
Textos: 1ª Leitura – Isaías 49, 3.5-6
Salmo responsorial – 39(40)
2ª Leitura – 1 Coríntios 1, 1-3
Evangelho – João 1, 29-34

João aponta o caminho para seguir Cristo.
Como no domingo anterior do baptismo de Cristo às margens do Jordão, também neste domingo o protagonista é João Baptista. Mas suas palavras secas e proféticas são como flechas apontadas para uma outra meta: Jesus Cristo. De facto nas suas frases percebemos que se destaca um retrato do Cristo: ele é aquela que apaga o pecado da incredulidade e de ódio do mundo, é aquele que nos precede no tempo porque é eterno como Deus, é a suprema presença divina na carne do homem porque nele está o Espírito Santo, ele é por excelência o Filho de Deus.

Nós, porém, escolhemos neste “catecismo” joanino dois símbolos que brilham no texto evangélico que hoje lemos. O primeiro é aquele, tão amado pela arte cristã e pela piedade popular: o cordeiro. Precisamos, porém, por um instante, de nos libertar das nossas representações que associam o cordeiro só à mansidão, à imagem da vítima. Na linguagem da Bíblia as referências são mais complexas e carregadas de significado.

O primeiro símbolo é fácil e nos leva até aquela noite egípcia quando Israel em marcha para a liberdade celebrara a Páscoa do cordeiro. Aquele animal, cujos ossos não deviam ser quebrados, tornava-se o sinal de um dom grandioso, o da liberdade política e espiritual, exterior e interior. Exactamente por isso, para o evangelista João, Jesus foi condenado à morte ao meio dia da vigília da Páscoa (19, 14), exactamente na hora em que os sacerdotes iniciavam a sacrificar os cordeiros no Templo para a festa da Páscoa. E é também por isso que João nos apresenta o Cristo atingido pela lança no peito e com os ossos não quebrados como cordeiro da Páscoa perfeita, a quem “nenhum osso foi quebrado” (19, 36).
Mas existe outro elemento bíblico, desta vez mais delicado e mais messiânico. No famoso quarto canto do Servo de Javé, esta figura misteriosa do Servo é apresentada enquanto é levada para a paixão e a morte: sobre ele são carregados os pecados dos homens, seus irmãos. Eis que ele vai caminhando para seu destino com serena aceitação: “Era como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda, diante de seus tosquiadores” (Is 53, 7). Com toda probabilidade – se for verdadeira uma interessante hipótese levantada por alguns estudiosos – o João Baptista, falando em aramaico, teria utilizado a palavra talya, que significa ao mesmo tempo “cordeiro” e “servo” de Deus. Cristo é, portanto, aquele que se oferece livremente a si mesmo, para tirar do mundo o pecado e levar a Deus todos os seus irmãos na carne.
Apresenta-se, assim, um terceiro elemento, aquele do cordeiro presente também no Apocalipse: no judaísmo do tempo, de facto, imaginava-se que no final da história um cordeiro vitorioso teria destruído as potências do mal, do pecado e da injustiça. O Cristo é por excelência aquele que liberta de toda escravidão, é aquele que perdoa.

Um segundo símbolo, a pomba. Para os evangelistas ela é o símbolo do Espírito Santo. Mas existe outro aspecto que os evangelistas querem lembrar: a pomba é no profeta Oséia, no Salmo 63 e no Cântico dos Cânticos o brasão de Israel. Nesta perspectiva, podemos afirmar que ao redor de Cristo, mergulhado nas águas do Jordão, reúne-se também o Israel de Deus, isto é, a comunidade dos crentes que dele recebem o Espírito de Deus. O cordeiro do perdão dos pecados e a pomba da Igreja se encontram em Jesus Cristo.

19 de janeiro de 2008

II Domingo do Tempo Comum


Terminamos o tempo do Natal no domingo passado, com a festa tão significativa do Baptismo de Jesus. Foram aproximadamente três semanas, ou mais precisamente 20 dias. Depois dos dias de Natal vem o grande tempo chamado “comum”, de 34 domingos ou semanas, tempo este que é iniciado imediatamente após a festa do Baptismo de Jesus, ou seja, logo na segunda-feira. Na verdade, a festa do Baptismo de Jesus substitui o que seria o 1º Domingo do Tempo Comum. Por isso, celebramos neste dia 20 o 2º Domingo deste Tempo, o qual, nesta sua primeira parte, é bem curto, pois vai até a terça-feira do carnaval. Então, esse primeiro “pedaço” do Tempo Comum será, neste ano, de apenas 23 dias.
O baptismo de Jesus foi o início da sua vida pública. Agora, nos domingos do Tempo Comum, vamos reflectir todos os ensinamentos do Senhor, na sua vida dentro daquele contexto do qual ele fez parte.
O evangelho deste 2º Domingo Comum convida-nos a uma meditação e a uma acção a partir do texto de São João. É uma forte proposta de vida para iniciarmos este tempo litúrgico. Embora neste ano o evangelho mais usado será o de Mateus, neste domingo o evangelista João ajuda-nos interpretar o que ouvimos no domingo passado, da festa do Baptismo, narrada por Mateus.
Para João (evangelista), João Baptista veio para ser uma grande testemunha, ou seja, ele veio para tornar conhecido o “Cordeiro de Deus” para todo o povo. Esta expressão já nos faz pensar na primeira leitura, do livro do profeta Isaías, chamada 2º Canto do Servo de Deus. Esse profeta, chamado Segundo Isaías, mostra bem que esse Servo, desde o ventre materno, foi chamado para reerguer Israel e fazer desse povo uma luz diante de outros povos. Ora, esse Servo já era, sem dúvida, uma figura antecipada de Jesus, o “Filho amado”, como foi chamado no momento do seu baptismo.
Com certeza, percebemos que as expressões “Servo” e “Cordeiro” tem muito a ver uma com a outra. Como um cordeiro, o Servo dá totalmente a sua vida em favor dos irmãos, sem abrir a boca. Não é difícil vermos aqui o Cordeiro Pascal que veio para tirar o pecado do mundo, e, depois da sua ressurreição, envia o Espírito Santo para que os discípulos continuem essa missão.



(adap Pe. Luiz Gonzaga Féchio)

12 de janeiro de 2008

Baptismo do Senhor


A festa do Baptismo do Senhor põe fim ao tempo festivo do Natal. Sai do âmbito da infância de Jesus, e coloca-nos na véspera de sua vida pública. A voz de Deus que acompanha o dom do Espírito Santo a Jesus proclama-o “filho amado”(Cf. Mt 3,17) de Deus, no qual Deus se compraz: o beneplácito de Deus repousa nele. Jesus é quem executará o projecto do Pai. Por isso é chamado de “filho”, termo que pode ser aplicado a todo justo, mas no caso de Jesus, de maneira única.
O Baptismo de Jesus marcará o início de sua vida pública, de sua missão redentora no mundo. Assim também deve ser o nosso baptismo que assinala a nossa entrada na comunidade cristã e o consequente início de nossa colaboração com Cristo.

Pelo baptismo os nossos pecados são apagados, a antiga culpa é dissipada e formamos um só corpo com o Senhor Jesus e somos chamados à mesma missão salvadora. Todos, depois de instruídos, devem ser baptizados, desde os tempos dos Apóstolos e isso é testemunhado pela Sagrada Escrituras em vários textos como em Act 2,37-41.
O Baptismo é o sacramento porta. O Baptismo é o primeiro dos sacramentos abrindo-nos as portas para todos os outros. O Baptismo é o fundamento de toda a vida cristã. Assim foi com Jesus que se fez baptizar por João Batista, o precursor para iniciar a sua vida pública, a pregação do Reino de Deus. Também nós baptizados, no dia do nosso baptismo assumimos um compromisso com Jesus, o de iniciar uma vida de pregação do Reino de Deus e de vivência completa e autêntica do Evangelho.

O Baptismo de João acentua a CONVERSÃO. E isso vai ao encontro da pregação de Jesus, cuja a primeira condição para ser cristão é a conversão do coração.
Mesmo não tendo pecado, Jesus procurou o baptismo para começar a cumprir a vontade do Pai, como o fará em várias ocasiões durante a sua vida pública.
O Baptismo confirma a missão de Jesus sobre a terra. A partir do Baptismo Jesus inicia a sua vida pública, ou seja, a sua profecia ministerial, que exercerá com a força e o poder de Deus, e em nome do mesmo Deus, anunciar a conversão e a santidade.

O “céu se abriu”, afirma o Evangelista. São Mateus quer afirmar que começou uma nova etapa na história da salvação, começou a era messiânica, há um novo relacionamento entre o céu e a terra, tudo o que é do céu pode passar a terra, tudo o que é da terra pode entrar nos céus.O Baptismo para a Igreja é a purificação do pecado original; se o baptizado for adulto, terá o perdão de todos os pecados cometidos antes. É o chamado rito de iniciação cristã. É um rito de novo nascimento em Cristo. Pelo Baptismo somos consagrados por Deus para a missão de evangelizar, principalmente para a santidade. Pelo Baptismo todos os fiéis participam do Sacerdócio e da missão de Jesus.
Por isso somos chamados hoje a viver os compromissos de nosso Baptismo e pautar o nosso comportamento pessoal, familiar e comunitário, no quotidiano da vida, nos valores trazidos e apresentados por Jesus, o Salvador.

Assim, na Segunda Leitura, Pedro com um toque de universalidade anuncia a missão de Jesus como Messias e Filho de Deus a partir de seu baptismo por João. O nosso Baptismo deve levar-nos ao serviço de nossos irmãos. Ser baptizado é tornar-se Servo com Cristo, o Servo por excelência. Vamos viver com intensidade nosso Baptismo na busca da solidariedade, da santidade e da salvação.
(Adap.Liturgia Dominical Católica)


Recordemos hoje o dia do nosso baptismo, dia em que nascemos para a vida cristã.
E aqui recordo o meu pároco que neste dia nos interpelava sempre com esta pergunta:
«Sabes o dia do teu nascimento e o dia do teu baptismo, sabes?»

5 de janeiro de 2008

Três Reis Magos



Segundo o evangelho, três reis magos saíram do Oriente para visitar o filho de Deus. Seguiram a Estrela guia até Belém, aonde chegaram, de acordo com a tradição no dia 6 de Janeiro. Por isso nesta data, é comemorado em todo mundo o dia de reis. Liturgicamente a referida data é chamada Epifania, palavra de origem grega que significa manifestação. No caso da Epifania do Senhor, manifestação do Messias também aos povos pagãos, isto é, para além das fronteiras judaicas.

A Solenidade da Epifania do Senhor, que tinha começado em Alexandria, difundiu-se cada vez mais na liturgia de toda Igreja. Já a partir do século IV, passou a ser celebrada no dia 06 de Janeiro. Somente na liturgia romana, sob o pontificado do Papa São Leão Magno ( 440 - 461), chegou a tornar-se uma festividade singular, ou seja, a Adoração dos Magos. "esta solenidade é celebrada no domingo entre 2 e 8 de Janeiro, depois da Festa da Sagrada Família"

A breve exposição evangélica de Mateus (Mt 2,1-12) segunda a qual os Sábios do Oriente, guiados por uma estrela, chegaram a Belém para adorar o Menino recém-nascido, era bem conhecida já nos alvores da Igreja. Em conformidade com Mateus, chegaram ao presépio de Jesus três Sábios, pessoas de alta categoria, vindos do Oriente, de longe, seguindo uma estrela. MAGÓI: este era o nome grego daqueles que ele chamou astrólogos. Em italiano, eles denominam-se como Reis Magos e em alemão são popularmente conhecidos como os Três Reis. Lembrando que "MAGO" na língua persa significa poderoso.

A sua proveniência do Oriente fez pensar na Pérsia, onde os sacerdotes persas de Zoroastro promoviam a interpretação e a edificação das estrelas. Sem dúvida, eles eram astrólogos, dado que se puseram a seguir uma estrela específica. É nos escritos da Patrística que podemos encontrar mais informações destes misteriosos visitantes, cuja a tradição, datada do século VIII, identificou como Melchior, Baltazar e Gaspar. Melchior, em hebreu quer dizer rei da luz; Baltazar em aramaico, pode ser traduzido por judeus e Gaspar era um rei persa, vencedor de tudo. Segundo os exegetas, os três reis simbolizam as três raças descritas na Bíblia: os semitas, os jafetitas e os camitas. Os Magos presentearam Jesus com oferendas carregadas de significados. O Ouro é símbolo da realeza. O Incenso representa a divindade e a Mirra que era usada nos sepultamentos, representa imortalidade.

Espiritualmente a Solenidade da Epifania representa a universalidade da Salvação que recebemos de Jesus que se revela fora de seu povo. Nele e com Ele a Igreja supera os limites de uma nação e assume todos os povos da terra. No entanto, sabemos que ainda precisamos superar muitas barreiras pessoais e comunitárias neste sentido, devidos aos nossos pontos de vistas e atitudes. Neste aspecto é fundamental a disposição de cada um de colocar-se a caminho como os Reis Magos, pois é com nossas pernas que podemos encontrar o Senhor no rosto peculiar de cada um. " Não se puseram a caminho porque viram a estrela, mas viram a estrela porque se puseram a caminho" ( São João Crisóstomo, século V).

Epifania do Senhor


Epifania significa MANIFESTAÇÃO DE DEUS: É o que proclama o PREFÁCIO DA EPIFANIA: “Revelastes hoje o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação”. A salvação é UNIVERSAL: É o teor das 3 leituras bíblicas de hoje.

A PRIMEIRA LEITURA: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz...Os povos caminham à tua luz...todos se reuniram e vieram a ti...será uma inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os de Sabá, trazendo ouro, incenso e proclamando a glória do Senhor”.

E SÃO PAULO conclui na 2ª. LEITURA: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do evangelho”.

É o que nos narra o evangelho de hoje: Os REIS MAGOS perguntaram a Herodes: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua ESTRELA no oriente e viemos adorá-lo”.

O PADRE ANTÓNIO VIEIRA PERGUNTA (ANTÓNIO VIEIRA no SERMÃO DA EPIFANIA, capela Real 1662, pregado à Rainha Regente na minoridade de El Rei, quando Vieira e os jesuítas foram expulsos do maranhão por defenderem os escravos ): POR QUE RAZÃO MANDOU DEUS AOS REIS MAGOS UMA ESTRELA E NÃO UM PROFETA OU UM ANJO? Os Profetas são os embaixadores ordinários de Deus; os Anjos são embaixadores extraordinários de Deus. Por que uma ESTRELA? O mesmo António Vieira responde: porque a estrela era a LINGUAGEM que eles entendiam, pois eram astrólogos. Exemplo de que quando queremos buscar alguém para Cristo é preciso USAR A LINGUAGEM DELE: da criança, do jovem, do orgulhoso, do humilde, do pecador, do triste, do enfermo, do carente, do necessitado, do desesperado. Quantas vezes as pessoas chegam até nós e perguntam sobre DEUS, sobre JESUS CRISTO. QUE RESPOSTA COSTUMAMOS DAR? Não podemos nos contentar com respostas conceituais, programáticas. Dizemos como os conselheiros de Herodes: VOU PROCURAR NOS LIVROS? A nossa resposta vai depender da vivência que temos de Cristo, vai depender da nossa ida a Belém, adorar aquela criança nos braços de uma humilde mulher, e da nossa oferta do Ouro da nossa fé, do Incenso das nossas virtudes e da mirra do nosso amor!

O papel da Estrela era de ILUMINAR, guiar os homens até Cristo, porque ela era A ESTRELA DE CRISTO:“Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”( EVANGELHO )...Se nós queremos ser Estrelas Guias para Cristo, também temos que ser ESTRELAS DE CRISTO. Porque há muitas estrelas por aí, e nenhuma é DE CRISTO e por isso conduzem para o anti-Cristo, para os vícios, as drogas, para o sexo, para a mentira, para a desobediência, para o roubo, para a injustiça, para a corrupção.
Interessante notar que quando os Reis Magos chegaram à cidade Jerusalém, a estrela desapareceu. POR QUE? Porque numa cidade prevalecem outros valores e se adoram os deuses do dinheiro, do poder e do prazer. Foi só os Reis Magos voltarem a respirar o AR PURO, que voltaram a ver a ESTRELA e reencontrarem o caminho da gruta de Belém: “Depois que ouviram o Rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles até para no lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande.”
E quando entraram na casa o que viram? O MENINO SENTADO NUM TRONO. E O TRONO DA CRIANÇA QUE ENCONTRARAM ERAM OS BRAÇOS DA VIRGEM MÃE. Então “ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes; ouro, incenso e mirra”. Ofereceram OURO a Cristo como REI. INCENSO a Cristo como DEUS. MIRRA a Cristo como HOMEM. Então voltaram para suas terras anunciando o que tinham visto.
UMA ESTRELA APONTOU O CAMINHO PARA CRISTO. HOJE, SOMOS NÓS ESTA ESTRELA QUE DEVE INDICAR O CAMINHO PARA CRISTO ÀS CRIANÇAS, AOS JOVENS, AOS FILHOS, AOS PARENTES, A TODOS!
De repente, NAQUELA NOITE DA EPIFANIA, daquela casa de Belém começaram a espoucar miríades de estrelas, como os fogos de artifício na noite do reveillon! Estas estrelas coloridas seremos nós a anunciar ao mundo, UM ANO NOVO, UMA ESPERANÇA NOVA, UMA ALEGRIA NOVA, UMA PAZ NOVA, UMA VIDA NOVA, UMA CIVILIZAÇÃO NOVA: A CIVILIZAÇÃO DO AMOR!
(Homilia Pe.Melchert)

1 de janeiro de 2008

Santa Maria, Mãe de Deus


A Solenidade da Santa Maria Mãe de Deus é a primeira Festa Mariana que apareceu na Igreja Ocidental, sua celebração se começou a dar em Roma para o século VI, provavelmente junto com a dedicação –em 1º de janeiro– do templo “Santa Maria Antiga” no Foro Romano, uma das primeiras Iglesias marianas de Roma.
A antigüidade da celebração Mariana se constata nas pinturas com o nome de Maria, Mãe de Deus” (Theotókos) que foram encontradas nas Catacumbas ou antiqüíssimos subterrâneos que estão cavados debaixo da cidade de Roma, onde se reuniam os primeiros cristãos para celebrar a Missa em tempos das perseguições.
Mais adiante, o rito romano celebrava em 1º de janeiro a oitava de Natal, comemorando a circuncisão do Menino Jesus. Depois de desaparecer a antiga festa Mariana, em 1931, o Papa Pio XI, com ocasião do XV centenário do concílio de Éfeso (431), instituiu a Festa Mariana para em 11 de outubro, em lembrança deste Concílio, onde se proclamou solenemente Santa Maria como verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus; mas na última reforma do calendário –após o Concílio Vaticano II– se transladou a festa para 1º de janeiro, com a máxima categoria litúrgica, de solenidade, e com título da Santa Maria, Mãe de Deus.
Desta maneira, esta Festa Mariana encontra um marco litúrgico mais adequado no tempo do Natal do Senhor; e ao mesmo tempo, todos os católicos começam o ano pedindo o amparo da Santíssima Virgem Maria.


O Concílio de ÉfesoNo ano de 431, o herege Nestorio se atreveu a dizer que Maria não era Mãe de Deus, afirmando: “Então Deus tem uma mãe? Pois então não condenemos a mitologia grega, que lhes atribui uma mãe aos deuses”. Ante isso, reuniram-se os 200 bispos do mundo em Éfeso –a cidade onde a Santíssima Virgem passou seus últimos anos– e iluminados pelo Espírito Santo declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”. E acompanhados por toda a multidão da cidade que os rodeava levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: "Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém".
Do mesmo modo, São Cirilo da Alexandria ressaltou: “Será dito: a Virgem é mãe da divindade? A isso respondemos: o Verbo vivente, subsistente, foi engendrado pela mesma substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas no tempo ele se fez carne, por isso se pode dizer que nasceu de mulher”.


Mãe do Menino Deus
"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra"
É desde esse Fiat, faça-se que Santa Maria respondeu firme e amorosamente ao Plano de Deus; graças a sua entrega generosa Deus mesmo se pôde encarnar para nos trazer a Reconciliação, que nos libera das feridas do pecado.
A donzela de Nazaré, a cheia de graça, ao assumir em seu ventre ao Menino Jesus, a Segunda Pessoa da Trindade, converte-se na Mãe de Deus, dando tudo de si para seu Filho; vemos porque tudo nela aponta a seu Filho Jesus.


É por isso, que Maria é modelo para todo cristão que busca dia a dia alcançar sua santificação. Em nossa Mãe Santa Maria encontramos a guia segura que nos introduz na vida do Senhor Jesus, nos ajudando a nos conformar com Ele e poder dizer como o Apóstolo “vivo eu mais não eu, é Cristo quem vive em mim”.

(ACI Digital)