28 de outubro de 2008

Bispos encerram o Sínodo com uma mensagem poética sobre a Palavra de Deus



Durante a vigésimo primeira Congregação Geral celebrada nesta sexta-feira os pais sinodais votaram a favor da Mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, no que, com uma linguagem evocadora e poética, ressaltam a centralidade da Palavra de Deus na vida do Cristão. 

“Os pontos cardeais do horizonte que queremos convidar a conhecer o povo de Deus e que expressaremos por meio de imagens, são quatro: A Voz divina, o Rosto, a Casa e o Caminho”, diz a mensagem, que utilizou um estilo inusualmente sugestivo e figurativo.
“A Voz divina ressona nas origens da criação", diz o texto, "dando origem às maravilhas do universo. É uma Voz que penetra depois na história, ferida pelo pecado humano e atormentada pela dor e pela morte". "É uma Voz que descende depois às páginas das Sagradas Escrituras que agora lemos na Igreja com a guia do Espírito Santo".
“O Rosto: É Jesus Cristo, que é Filho de Deus, eterno e infinito, mas também homem mortal, ligado a uma época histórica, a um povo e a uma terra”.
“É Ele quem desvela o 'sentido pleno' e unitário das Sagradas Escrituras, de modo que o cristianismo é uma religião cujo centro é uma pessoa, Jesus Cristo, revelador do Pai. Ele nos faz entender que também as Escrituras são 'carne', quer dizer palavras humanas que se devem compreender e estudar em seu modo de expressar-se, mas que custodiam a luz da verdade divina que solo com o Espírito Santo podemos viver e contemplar”.
O terceiro ponto cardeal é "a Casa da palavra divina, quer dizer a Igreja", que "assenta-se em quatro colunas ideais: O ensino, quer dizer ler e compreender aBíblia no anúncio efetuado a todos... a fração do pão, ou seja a Eucaristia, fonte e culminação da vida e da missão da Igreja", já que "os fiéis estão convidados a nutrir-se na liturgia na mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo"; asorações... a Lectio divina, a leitura orante das Sagradas Escrituras capazes de levar, na meditação, na oração, na contemplação, ao encontro com Cristo, palavra de Deus vivo; a comunhão fraternal, porque para ser verdadeiros cristãos não basta ser 'os que escutam a palavra de Deus', mas também 'os que a cumprem'".
A última imagem do mapa espiritual é "o caminho pelo que se dirige a palavra de Deus". 
"A palavra de Deus –dizem os pais sinodais- deve rodar pelos caminhos do mundo que hoje são também os da comunicação informática, televisiva e virtual. A Bíblia deve entrar nas famílias, nas escolas e nos ambientes culturais".
"Sua riqueza simbólica, poética e narrativa faz dela um baluarte de beleza tanto para a fé como para a cultura, em um mundo freqüentemente destroçado pela fealdade e a maldade", adiciona a mensagem final.
"A Bíblia também apresenta o hálito de dor que sobe da terra, sai ao encontro dos oprimidos e do lamento dos infelizes. Tem como cume a cruz onde Cristo, só e abandonado vive a tragédia do sofrimento mais atroz e da morte. Precisamente por essa presença do Filho de Deus, a escuridão do mal e da morte se ilumina com a luz pascal e a esperança da glória". 
Finalmente, dirigindo-se aos fiéis do mundo, os pais sinodais dizem: "Vos confiamos a Deus e à palavra de sua graça. Com a mesma expressão de São Paulo em seu discurso de adeus aos chefes da Igreja de Efeso, também nós, os pais sinodais, confiamos aos fiéis das comunidades pulverizadas por toda a face da terra à palavra divina, que é julgamento mas sobre tudo graça". (fonte:ACI)

26 de outubro de 2008

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo»


O estudo da Lei de Moisés tinha levado a um número indeterminável de normas, somavam um total de 613 as prescrições, mandamentos e proibições que os escribas observavam do Antigo Testamento. Por isso, não é de estranhar que alguns fariseus tenham tentado confundir Jesus, questionando-o e assim encontrarem um pretexto para o acusar, demonstrando que Jesus não sabe interpretar a Lei e por tal não é digno de crédito. Dirigindo-se ao “Mestre” perguntaram-lhe qual é o mandamento mais importante dentre tantos.


Jesus responde: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”; e o segundo que Jesus relaciona intimamente a este primeiro é: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.


Não interessa qual deles é o mais importante, mas sim onde está a origem de todos eles. E a origem está no Amor.

Mas talvez  seja bom determo-nos num detalhe que muitas vezes nós nem nos apercebemos e que sem uma boa compreensão deste detalhe, inclusive a sua prática, ficamos impedidos de praticar o mandamento que o próprio Jesus nos pediu.


Já paramos para pensar se nos amamos a nós mesmo? Nos dias que correm mais do que nunca, vemos tantas pessoas magoadas, feridas, insatisfeitas, mal amadas, tristes, amargas, doentes emocionalmente, mentalmente e espiritualmente. Na  sociedade em que vivemos, um grande número de pessoas não se ama, não gostam delas mesmas, não se sentem satisfeitas com elas mesmas; Odeiam seu jeito de ser, odeiam seu corpo, etc. E estas pessoas  todas nem sabem que isto é com certeza a raiz de muitos dos problemas das suas vidas: é falta de amor-próprio.

Ninguém pode dar aquilo que não tem. Assim, nós só podemos dar amor ao nosso próximo se aceitarmos esse amor de Deus na nossa vida e consequentemente nos amarmos.

Que todos nós saibamos acolher o amor imenso que Deus tem por cada um de nós, para que assim possamos amá-lo, amar a nós mesmos e assim, cheios de amor, amar de coração sincero o nosso próximo.

Não interessa qual dos mandamentos é o mais importante, mas sim onde está a origem de todos eles.

E a origem de todos eles está no Amor.

11 de outubro de 2008

Somos chamados ao banquete


Mt 22,1-14

A liturgia deste domingo utiliza a imagem do “banquete” para descrever esse mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim, que Deus quer oferecer a todos os seus filhos e filhas.Na nossa vida corrente, quando queremos homenagear alguém ou celebrar um grande acontecimento, fazemos um banquete. Porque o comer e o beber juntos, em ambiente fraterno, é fonte de muita alegria e felicidade, é que o povo bíblico deu ao banquete um valor sagrado. Ele é símbolo da Aliança e entra nos grandes acontecimentos dos povos e da relação de Israel com Deus. A própria eucaristia foi instituída no interior de um banquete. À eucaristia chamamos “sagrado banquete”.

          Na primeira leitura, Isaías anuncia o “banquete” que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os povos. Isto significa que Deus tem, para nós, um projecto de vida, de amor e de festa, porque somos pessoas amadas por Ele, com um amor eterno e incondicional. É importante que tomemos consciência desta realidade, para que ela projecte luz, serenidade e confiança na nossa vida quotidiana. A nós, basta-nos aceitar o convite de Deus para participar neste “banquete”, isto é, basta-nos aceitar viver em comunhão com Ele, para que, na nossa vida, saibamos dar prioridade ao amor, testemunhar os valores do Reino e construir, aqui e agora, um mundo novo, onde brote a justiça, a solidariedade, o amor e a partilha, a todos os níveis.
          O evangelho utiliza também a imagem do “banquete” como exemplo, para designar a felicidade escatológica, isto é, aquele felicidade eterna, a que somos chamados no fim da nossa vida sobre a terra, e que começa desde agora e aqui. Esta felicidade advém-nos da participação no “banquete” celeste oferecido a todos, mulheres e homens, pobres e ricos, cristãos e pagãos, pecadores e fiéis. É um banquete universal! Não há nenhuma condição humana, que nos possa impedir de ter acesso a este “banquete”, se nós quisermos “agarrar” o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção pela participação no “banquete”, que fizemos no dia do nosso baptismo, é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
(reflexão: irmã Deolinda Serralheiro)