3 de agosto de 2008

Partilhar o Pão

Tendo-se retirado para um lugar deserto, Jesus é seguido pela multidão.
Ao entardecer os discípulos sugerem que a multidão seja enviada para comprar comida.
Jesus, porém, apresenta-lhes outra solução: "Vós mesmos dai-lhes de comer". Há uma compreensão comum de que Jesus fez os pães multiplicarem-se. Contudo, ao ser tentado pelo demónio, após seu baptismo, Jesus rejeitou transformar pedras em pães (Mt 4,3-4). Assim também não cabe a Jesus transformar pão em pães, multiplicando-os. Jesus fez um gesto de partilha, com o que tocou os corações de todos. Assim todos aqueles que tinham algum alimento o partilharam também, e todos ficaram saciados. O milagre de Jesus é tocar os corações, comunicando-lhes seu amor solidário e fraterno.
Jesus abençoa os pães e peixes que os discípulos lhe trazem. Abençoar significa redireccionar a Deus aquilo que é de Deus. Significa desvincularmo-nos dos bens em nossa posse, colocando-os ao alcance de todos. A bênção liberta também o coração, e a generosidade leva à partilha e à saciedade de todos.
A partilha é a expressão do amor de Jesus. Nada nos deve separar deste amor (como nos diz S.Paulo) que se manifesta hoje nas pessoas e comunidades que buscam a justiça e consolidam a fraternidade.Eis o grande milagre da vida. Deus dá em abundância para todos. Basta que saibamos colher o dom de Deus e reparti-lo entre todos. Dá para todos ficarem satisfeitos e ainda sobrar para os que vêm depois de nós. O grande milagre não é multiplicar os pães e os peixes, mas repartir o pão e o peixe que cada um tem, entre todos os outros. E sobram doze cestos cheios! Exactamente o número das doze tribos do povo de Deus... É esse o povo que Jesus veio formar e, com ele, fundar um mundo novo, uma nova sociedade e uma nova história. Um povo que celebra o banquete da vida, superando o banquete da morte.
(Adapt. Homilia prof diácono Miguel Teodoro)

As práticas características do Jubileu III



*Indulgência
“A Indulgência é a remissão, perante Deus da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada (=perdoados quanto à culpa); remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora (=ministra) da redenção distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”
“A indulgência é parcial ou plenária, conforme liberte em parte ou totalmente da pena temporal devida pelos pecados. Todo o fiel pode obter para si mesmo ou aplicar pelos defuntos, à maneira de sufrágio, as indulgências tanto parciais como plenárias”
A indulgência é assim definida no Código de Direito Canónico (Cf.cân.992) e no Catecismo da igreja Católica (n.1471).


A indulgência é um dos sinais que caracterizam o Ano Jubilar. Nela se manifesta a plenitude da misericórdia do Pai, que vem ao encontro dos filhos, com o Seu amor feito perdão, não só das culpas, como dos danos (=penas), causados por elas. (cf.IM9).
A indulgência é a misericórdia do Pai, administrada pela Igreja, através sobretudo do Sacramento da Reconciliação.
A Igreja, que recebeu de Jesus Cristo o poder de perdoar em Seu nome (Mt.16,19; Jo.20,23) é, no mundo, a presença viva do amor de Deus.
Pelo pecado, os fiéis auto-«excomungam-se», afastando-se da comunhão com Cristo e com a Igreja, que é «Comunhão de Santos».
Obter (=ganhar) a indulgência significa entrar, ou aprofundar, ou regressar a esta «Comunhão de Santos», que é a Igreja; ou seja, abrir-se totalmente ou abrir-se de novo aos outros.

Para entender esta doutrina e esta prática da Igreja no que respeita às «indulgências» é necessário lembrar que o pecado tem uma dupla consequência.
O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus (=graça de Deus), e por isso torna-nos incapazes da vida eterna, a esta privação chama-se “pena eterna” do pecado.
Todo o pecado, mesmo o venial, provoca uma perturbação como que uma transgressão da lei divina e um desprezo da amizade de Deus, oferecida em Cristo a todos os homens, que precisa de purificação seja nesta vida, seja depois da morte, no estado que se chama Purgatório. Esta purificação liberta do que se chama a “pena temporal” do pecado.

O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus (através do Sacramento da Reconciliação e Penitência) implicam a abolição das penas eternas do pecado.
Mas o processo não acaba aqui, pois, subsistem as penas temporais as quais provocam uma desordem quer a nível pessoal que a nível social (=danos), o homem precisa de ser curado dos efeitos negativos do pecado (restos e penas do pecado). Para uma cura completa o pecador precisa de percorrer uma caminhada de purificação. Neste percurso o homem é interpelado em ordem à sua conversão profunda, a uma real mudança de vida, que diminui progressivamente o mal interior.

A indulgência só tem sentido nesta total renovação interior e conversão do coração. Pois a indulgência é concedida ao pecador arrependido para remissão da pena temporal devida pelos seus pecados já perdoados quanto à culpa.