A primeira leitura da
liturgia de hoje (Dt30,10-14), fala-nos da maravilha que é possuir uma lei
feita por Deus e que, por isso mesmo, leva à Vida. Essa Lei está impregnada no
nosso ser.
O Livro do Deuteronómio
diz que ela “está ao seu alcance: está na sua boca e no seu coração”. Isso
significa que não deveremos ficar presos a um código de regras, de prescrições,
mas que nos entreguemos, sem reservas, à promoção da Vida.
No Evangelho, a
parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus, deixa isso claríssimo. O Mestre
dá a essa Lei um nome: misericórdia!
A misericórdia promove
a Vida. Ela não faz rodeios para salvar o ser humano.
A Vida está em
primeiro lugar. Salvaguardar a Vida, seja de quem for, é a Lei Máxima! E quando
se fala em Vida não se restringe à vida física, mas se compreende também a
moral, a psíquica, a espiritual.
Fala-se da Vida do
Homem. Tudo deve estar subordinado a esse valor, porque Deus é Vida e Ele assim
determinou que fosse. Por isso, matar alguém, física ou moralmente é um pecado
grave.
Do mesmo modo é
desconhecimento da revelação do Amor de Deus, qualquer atitude que demonstre
falta de misericórdia. Está escrito: “Quero a misericórdia e não o sacrifício”.
Por que é um
samaritano quem pratica a misericórdia na parábola contada por Jesus? Será que
Jesus quer simplesmente incomodar os judeus? Não, não é nada disso. Ele até
pode ter esse desejo, e certamente o tem, de alertar seus concidadãos. Mas a
figura do samaritano, nesta parábola, tem o significado de ser alguém que
desconhece um código de leis. Jesus quer destacar que esse homem nascido na
Samaria agiu somente por causa de seu coração. Ele teve a sensibilidade de
perceber a situação de miséria em que se encontrava o homem assaltado. Ajudou
muito para que tivesse compaixão, sua origem samaritana, de marginalizado. Ele
se identificou com o pobre coitado e agiu como Deus, isto é, teve compaixão.
Segundo Lucas, somente Jesus tem compaixão. É um gesto eminentemente divino! O
QUE É MEU É TEU! QUERO QUE VOCÊ TENHA VIDA!
Podemos apreender o
seguinte ensinamento: para alguns, a salvação está no cumprimento das leis;
para outros, nos atos realizados dentro de um templo; para o samaritano, está
em assumir a Vida e colocar-se a caminho dos que estão sendo privados dela. Ao
se solidarizar com o marginalizado, o samaritano encontrou Deus e a verdadeira
religião. (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XV Domingo
do Tempo Comum)